A saga do COLÉGIO SAGRADA FAMÍLIA foi iniciada na dureza dos inícios, em 1895, pelas Irmãs Anna, Rufina e Paula. A elas juntaram-se, já em 1896, as Irmãs Júlia e Roberta, e, em 1897, a Irmã Godeharda. Que a “dureza dos inícios” exigisse mais que o mero entusiasmo missionário – e o tinham de sobejo” -, prova-o a volta à pátria, após pouco tempo, de uma das pioneiras, Irmã Anna, cuja saúde não logrou resistir aos desafios da ambientação.
Chegadas a Blumenau no dia 27 de abril de 1895, após a breve passagem por Brusque, as Irmãs iniciaram imediatamente a sua atividade educacional, atraindo logo um bom número de alunas. Muito depressa se fez sentir a exigüidade de espaço na primeira casa, entravando a expansão da atividade. Após diligente busca, e vencidas grandes dificuldades, foi possível adquirir uma propriedade muito bem localizada, próxima à Igreja e ao convento dos padres franciscanos, os quais, desde que o guardião, Fr. Zeno Wallbröhl, fora buscá-las em Brusque, sempre apoiaram fraternalmente o trabalho das Irmãs, o que a crônica não cansa de registrar.
Quem conhece o moderno complexo educacional do Colégio Sagrada Família, dificilmente imaginará toda essa área coberta de espessa mata-virgem, como as Irmãs a enfrentaram um século atrás. “Com ingente esforço (…) e foi preciso traçar caminhos no terreno acidentado, cavar um poço e transportar o necessário material de construção, antes de poder iniciar a obra”, assim lemos na crônica. As próprias Irmãs colaboraram na medida de suas forças, ou melhor, “acima de suas forças, de modo que uma ou outra sofreu a vida inteira as conseqüências desse esforço sobre-humano”. Em junho de 1898, com a valiosa ajuda dos frades franciscanos, foi possível iniciar a construção, e em 20 de março do ano seguinte, pronta uma parte da casa, celebrou-se aí a primeira s. Missa, inaugurando com a bênção de Deus a nova sede, então colocada sob o patrocínio da “Sagrada Família”.
“No mesmo dia celebrou-se na nova capela a vestição da primeira noviça, Irmã Clemência”, diz a crônica, frisando que, durante anos, muitas candidatas, provindas não só de famílias alemãs, mas também de origem italiana, polonesa e rutena, entre elas diversas ex-alunas do colégio, aí se preparavam para ingressar na vida religiosa.
Às três classes de língua alemã em breve se acrescentou uma de língua portuguesa, e muitas alunas se inscreviam para as aulas de trabalhos manuais, pintura e música, tornando-se famosas, como em todos os nossos colégios, as exposições de trabalhos de fim de ano. Em Blumenau começou muito cedo também o trabalho de confecção de artísticos paramentos, uma tradição iniciada por Irmã Pátrocla, falecida em 1938, após quase 36 anos no “Sagrada Família”; mas a tradição se manteve até 1991, quando faleceu Irmã Rosalina Marx, a última “artista” nesse setor.
Nas semanas precedentes à 1ª. Comunhão, também em Blumenau muitas crianças pobres, que moravam longe, ficavam hospedadas no colégio. Ainda em 1919, a cronista diz que “a metade das 50 meninas da casa (não as chama de internas, n.d.r.) eram neo-comungantes”.
Lembrando a visível bênção de Deus que acompanhou o crescimento do colégio pioneiro nos primeiros 25 anos, a cronista lembra também que “cinco singelas cruzes negras de madeira, no cemitério local, contam que a morte já fez sua colheita na comunidade religiosa. Além da Irmã Rufina, uma das primeiras seis missionárias, repousam aí também as Irmãs Júlia, Mauriciana, Henriqueta e Gelásia – filha do município de Blumenau esta última”.
Aos nomes das audazes pioneiras do fim do século vão-se somando numerosos outros no decurso das décadas, quando tantas vezes se muda também a fisionomia externa e interna do “convento” original e dos cursos e métodos de ensino e educação. Na sucessão de diretoras e superioras que, na seqüência das épocas, foram alimentando a constante dinâmica do colégio, merecem destaque, ao lado dos nomes do primeiro passado – Irmãs Júlia, Wigberta, Geralda -, os do passado mais próximo: Irmã Constança Francisconi, que, em 1945, no Jubileu de Ouro do “Sagrada Família”, oficializava o seu Curso Ginasial, aberto com 52 alunas, Irmã Glória Dominoni e, sobretudo, as sempre lembradas Irmã Clotilda Peters e Irmã Maria Bracht. Irmã Maria, desde 1981, com firmeza e criatividade, conduziu a caminhada do “Sagrada Família” para além da fronteira do primeiro século até 2002.
Hoje, mantendo a tradição da Divina Providência, com proposta pedagógica inovadora, voltada à nova ordem social que se impõe e preparada para a velocidade crescente com que a mesma se transforma, o Colégio Sagrada Família é atualmente dirigido pela Irmã Ana Besel. Com o apoio dos competentes e dedicados educadores que integram as equipes deste secular complexo educacional, e com a participação da comunidade blumenauense – a Diretora Geral, Irmã Ana Besel, guia com firmeza o Colégio Sagrada Família através das novas fronteiras, cada vez mais amplas, criadas pelo constantes avanços tecnológicos.